quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O que se vê em Marte #30



Sigur Ros @ Campo Pequeno


É difícil para mim ir à procura de palavras que me ajudem a descrever o que esta banda me provoca. Tinha uma enorme vontade de ver os Sigur Ros em 2008, um ano cheio de concertos (em Dezembro faço uma lista), não só porque sabia que ia ser um dos melhores, com o maior impacto em mim, como porque o momento é de ouvir Sigur Ros, o que quer que isso signifique (na verdade, qualquer momento é propício para ouvir A banda).

O Campo Pequeno foi uma boa escolha para o concerto, é uma sala diferente do Coliseu, onde ultimamente tenho ouvido concertos com mau som. Ainda assim não sei se o Coliseu não terá mais "onda" para receber os SR.

O concerto foi irrepreensível. Não há muito mais palavras que o possam descrever, faltaram as minhas músicas preferidas, mas com alguns álbuns na sua carreira não podem tocar tudo e isso compreendo. Gostei do alinhamento, muito coerente, muito orgânico. Gostei como começou, arrepiante, e como acabou, igualmente arrepiante.

O problema do concerto foi o público. O público de Sigur Ros vulgarizou-se, pelo que não entendem que se deve respeitar a banda até ao último acorde, até ao último suspiro de Jónsi Birgisson apenas no silêncio. As palmas são uma demonstração de apreço por uma banda, reconhecimento, mas neste caso acredito que as palmas são desnecessárias nos momentos exactos em que é mais importante ouvirmos o que os Sigur Rós têm para nos "dizer", porquê interromper com palmas?

Vi muitas pessoas neste concerto com uma postura completamente descontextualizada, dançavam e batiam palmas como se estivessem num concerto de Bob Sinclair, obviamente que cada um tem a postura que entende, mas a meu ver e não só, é uma postura que não cola com a música desta banda nem com um público que os acompanha desde sempre.

Um dos concertos da minha vida? Sem dúvida. E quero vê-los mais. E ouvi-los mais.

Foto: Blitz.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

«Os passos em volta»

Roubei o título deste post a Herberto Helder. Ocorreu-me.
Dou passos sobre mim mesma, à minha volta. À procura do movimento que me faz seguir para a frente. E as palavras ajudam-me, de uma forma subtil e lenta. E vou chegando lá, dando os meus passos, pensando numa progressão.
Dou passos em volta.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O que se vê em Marte #29 (dose quadrupla)

Com o fim da silly season (finalmente!) chegam os programas mui culturais, dos quais queria dar conta no blogue mas não tenho tido tempo. É engraçado que o tempo é uma constante presente, é uma pertença maleável; mas ultimamente tenho tido alguma dificuldade em malear o tempo à minha medida.



Doc Lisboa 2008 @ Culturgest e afins...

Como já vem sendo hábito, em Outubro o Mundo Inteiro cabe em Lisboa, este ano não tive disponibilidade para me dedicar ao Doc como habitualmente, vi essencialmente documentários sobre fotografia (Robert Frank, Conversations in Vermont & Raymond Depardon, Les Années Déclic) e um fabuloso documentário português sobre um movimento artístico de nome Homeostética, deixo-vos a sinopse: "Documentário sobre o movimento Homeostética, que surgiu em Lisboa nos anos 80 e foi constituído pelos artistas Fernando Brito, Ivo, Pedro Portugal, Pedro Proença, Manuel João Vieira e Xana. Utilizando o humor como estratégia de demarcação crítica, a Homeostética manteve sempre uma posição marginal de fortes influências Dadaistas e desenvolveu uma intensa produção que resultou em exposições, textos, manifestos, filmes, concertos e outras performances colectivas. Discretos nas suas realizações e desprezando olimpicamente a sua própria glorificação, os homeostéticos perderam em visibilidade externa o que vieram a ganhar em modo de existência. Para eles o sentido da vida encontrava-se na criação artística e a criação artística, por sua vez, permitia-lhes inventar novas possibilidades de vida."



Roisin Murphy @ Coliseu dos Recreios





Depois da toada explosiva no Optimus Alive em Julho passado, esperava um pouco mais deste concerto. Estou em crer que só ouvi realmente 3 músicas com atenção, uma vez que passei o resto do concerto a conversar. O ambiente convidou-nos. O resto da noite foi dada ao insólito, mas isso será tema para outros posts.



Bernardo Sassetti @ Jardim de Inverno São Luiz



Este sábado fui ver o Bernardo Sassetti ao São Luiz e foi uma experiência única. Ouvi o concerto de olhos fechados e apenas ouvi. Foi muito bom.


E para terminar uma semana cultural...



Porque não Paris?
Porque todos estremecemos perante momentos decisivos.
E agora porque não Lisboa? Afinal Lisboa mexe ao ritmo da Cultura e vou atrás porque sou apaixonada...