quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O que se vê em Marte #33



Um fim de semana chuvoso como o que passou convida a uns filmes e umas séries. Quanto a filmes vi:




The Curious Case of Benjamin Button





O primeiro apontamento que me ocorre sobre este filme é que nos vence pelo cansaço. Foi tão divulgado, é tão supostamente oscarizavel que qualquer um de nós parece pecador por não o ter visto ainda.

Cedi.

O segundo apontamento é que não gostei deste filme.

O conto de Scott Fitzgerald deve ser fantástico, original, bem escrito. Já li o Grande Gatsby, pelo que não dúvido. Isto para dizer que me agrada a ideia original. Mas esta adaptação é fria, arrastada, sem brilho. Mantem uma linha demasiado superficial para o propósito. A dimensão humana está de tal ordem ausente do próprio filme que julgo ser essa a grande falha aqui. E mais, não me admira que apesar de ter várias nomeações para os Óscares, Brad Pitt não seja uma das escolhas da Academia. Tenho dito.



Para contrapôr...
Vicky Cristina Barcelona





Quem me conhece sabe que sou há muito fã de Woody Allen, apesar dos últimos filmes, com excepção do sempre mencionado Match Point, serem um pouco mais fracos.

O excepcional em Woody Allen é ele estar sempre presente nos filmes; e haver, das mais variadas formas, um elemento de contemporaneidade absoluta e constante; elemento esse que nos leva a identificar-nos com a sua obra; eu pelo menos.
Vicky Cristina Barcelona leva-me a duas primeiras conclusões muito a quente. Scarlett Johansson fica tão bem com Woody Allen! E Espanha foi tão bem captada pelo realizador.
A trama segue uma linha curiosa de descoberta de nós próprios quando ansiosos por novas realidades vamos dar a um mesmo sítio, a nós. E Barcelona e Javier Bardem e Penélope Cruz "latinizam" o filme, digamos talvez que o "Europeízam", e isso traz tanto de estético quanto de conceptual.
Gostei bastante deste filme.

Parabéns!!

A minha amiga I faz hoje anos! Parabéns!
E para celebrar o seu aniversário nada melhor do que lhe dar uma prenda digital, blogueira, jazzistica. Espero que gostes. Tu gostas de Jazz e eu gosto de Art Blakey, que tal a combinação, resulta? :)


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O que se ouve em Marte #17

O primeiro avanço para o novo álbum dos Animal Colective - Merriweather Post Pavilion, chama-se My Girls. Tem tantas vozes críticas como o contrário, como devem calcular eu posiciono-me pelo contrário. Adoro.




The lyrics focus on the body, basic human connection, the need to take care of oneself, the puzzle of existence. Where the churning electronic sound, with its fizzes and echoes and underwater cast, brings to mind altered states and the confusing gap between the familiar and the strange, the words seem like a running commentary on the essential mystery of being alive. Animal Collective don't tell stories, and their music rarely has characters; there's little clever wordplay and fewer money lines you'll repeat later on. Rather, the words reinforce the sense of vulnerability that cuts through the music, and wind up being an essential component on an album that oozes confidence from every pore. Pitchforkmedia

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

...de se escrever #9

Costuma dizer-se que fulano tal está à sombra da bananeira, como quem diz que nada faz de útil para ele ou para outrém. Tem piada como as expressões populares adquirem um sentido por si próprias, percorrem um caminho entre as nossas bocas e quase que vivem de uma reputação. Eu sinto-me à sombra, mas curiosamente não da bananeira.
Ora, deviamos ter variações das próprias expressões e neste caso seria "fulano está à sombra dos pensamentos", ou algo semelhante.
Podemos alargar o painel expositivo de expressões populares e pegar no ditado quem tudo quer tudo perde. Então e a ambição? E a conquista? E o percurso para se atingir as coisas que queremos? Sinceramente acho que devia ser "Quem tudo quer sem reflectir, tudo perde sem perceber". Ainda dentro do grande tema ditados populares, costuma dizer-se que mais vale um pássaro na mão que dois a voar. Então e os pássaros a voar não são muito mais bonitos a preencher o céu do que pousados nas nossas mãos? Que coisa mais desconfortável um pássaro na mão. Devia ser mais vale ver um pássaro a voar num fantástico céu azul do que num dia de chuva! E assim toda a gente ficava mais feliz. E perdia-se o sentido todo da expressão anterior.
Para finalizar esta pequena reflexão sem sentido sobre ditados populares lembro-me de um muito curioso: calças brancas em janeiro, sinal de pouco dinheiro. Vão lá dizer isso ao Karl Lagarfeld que ele dá-vos logo uma resposta pronta. As opções de moda ficam com cada um. Eu proporia uma alteraçãozita: Calças curtas em janeiro, sinal de frio no perneiro!
Isto tudo porque ele há ditados populares que me irritam com alguma solenidade e apesar de ser sabedoria popular, pela qual tenho muito respeito, nem sempre correspondem à verdade. Mas, presunção e água benta cada um toma a que quer.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O que se ouviu e viu em Marte em 2008

Vejo tantas listas por aí do melhor que houve em 2008 e penso que também devia fazer uma para mim. Mas uma lista mais breve, mais sintética, sem preconceitos.

Melhor álbum de 2008: Portishead - Third. É surpreendente esta minha escolha, de facto. A primeira vez que ouvi Third tive uma violenta reacção de repulsa, mas fui voltando a ele. E todos os dias ouvi mais um bocadinho até conhecer este álbum de trás para a frente.
Tantos anos de expectativa não ajudaram, configurava um álbum dentro do simbolismo do trip-hop e surgiu outra coisa. Despidos os pré-conceitos mapeei a nova música dos Portishead e surpreendi-me. E por dar tanta luta, por ter voltado a ele e continuar a apreciá-lo este foi o melhor álbum de 2008 em Marte.

Melhor concerto de 2008: O ano que passou foi rico e cheio de bons concertos. É complicado escolher um, aquele que se destacou, até porque foi um ano em que vi concertos que queria muito ver: Portishead, Cat Power, Feist, Kings of Convenience, Chemical Brothers, Franz Ferdinand, Madonna, Thievery Corporation, Sigur Ros, Gotan Project (para citar alguns exemplos). Mas, não querendo ser injusta para com todos os outros, aquele que se destaca foi o concerto de Leonard Cohen. Tal como na altura disse, foi sublime. Nunca tinha ouvido um som tão limpo, tão perfeito e uma voz tão única. O Melhor.

Melhor série de 2008: Apesar de nunca ter revelado por estas bandas, sou uma grande consumidora de séries e como tal posso aqui destacar entre as várias que vi em 2008, a melhor: Mad Men! Se cá existe o Conta-me Como Foi, nos Estados Unidos, numa escala obviamente diferente há o Mad Men. A trama gira à volta do mundo da publicidade na América dos anos 60. E mais não digo. Aguardo ansiosamente a terceira série.

Melhor filme de 2008: Território mais complexo o do cinema, neste momento ocorre-me apenas um filme e chama-se Juno.

E agora tenho que pensar no melhor livro que li em 2008. Ups...hard task!

Um vídeo por dia #17



O Instrumento chama-se Hang e é feito à mão. Chamou a minha atenção, surpreendeu-me.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O que se ouve em Marte #16



Antony & The Johnsons - The Crying Light


Ao terceiro álbum de originais creio que Antony não se confirma, uma vez que é um de raros artistas que não precisa de confirmação; todas as suas obras são uma espécie de afirmação de um "eu" distante dos demais, de um way of living muito próprio. E quem gosta ouve, absorve e encanta-se. Quem não gosta não precisa de penetrar neste mundo etéreo, onde a música se faz urgente numa espécie de chamada, onde Antony Hegarty se afirma a si próprio. Talvez seja mais importante para ele mostrar como vê o mundo e nós que o ouvimos aceitarmos, do que o contrário. E o mundo de Antony Hegarty é melancólico, sincero, crú e no fim, o essencial, extremamente musical.
Agora ouço The Crying Light, um álbum atmosférico e cheio, cheio, cheio.
A propósito da capa do álbum(imagem em cima), uma fotografia do bailarino Kazuo Ohno, Antony diz: "The Crying Light is dedicated to the great dancer Kazuo Ohno. In performance I watched him cast a circle of light upon the stage, and step into that circle, and reveal the dreams and reveries of his heart. He seemed to dance in the eye of something mysterious and creative; with every gesture he embodied the child and the feminine divine. He's kind of like my art parent."

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O que se vê em Marte #32


«A"Valsa com Bashir" é um dificílimo exercício na corda bamba que se desequilibra a espaços mas que ganha tensão à medida que as viagens e as conversas de Folman vão descobrindo até onde a sua memória foi reprimida, para nos deixar, no final, a fazer a pergunta que o próprio realizador se deve ter feito às tantas: como foi possível ter esquecido? O mais duro não é que Folman faça a pergunta: é a resposta que lhe dá.» Jorge Mourinha in Público

A estética do filme aliada à dura história que é retratada foi a combinação que mais me impressionou.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O que se ouve em Marte#15

Considerada para alguns a melhor música de 2008. Eu acho-a absolutamente fantástica, ainda há quem consiga inovar na música, fica aqui Sebastien Tellier com La Ritournelle.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Salvar a Honra do Convento

O jornal Sol escreveu ontem a seguinte notícia (seguir este linque).
E eu fiquei com vontade de por as coisas em pratos limpos, nem que seja num lugar tão reservado quanto este.
Trabalho na Fundação Portuguesa das Comunicações onde se insere a referida Casa do Futuro, isto para deixar claro que naturalmente tenho uma outra leitura e visão dos acontecimentos.
A notícia do Sol é sensacionalista e não faltando à verdade, oculta grande parte dela. Em primeiro lugar, quando, com pouco tempo de antecedência se soube que o nosso Primeiro-M. vinha cá (tenho em crer que os decisores saberiam há mais tempo), o Serviço Educativo tentou ligar para a Escola para desmarcar a visita. As chamadas foram insistentes não havendo retorno do outro lado. Em segundo lugar, apesar de não terem visto a Casa do Futuro, os alunos saíram da Fundação tendo percorrido todo o espaço expositivo existente, para além de que a própria instituição se disponibilizou a mostrar, em data a agendar, a Casa do Futuro, sem custos adicionais.
Quanto ao nosso Primeiro-Ministro que vai gerando ódios por todo o lado. Muito honestamente não nutro a maior simpatia por ele, mas o contrário também não é verdade. E acho que devemos ser isentos e pensar que o Gabinete que marcou o espaço para se realizar o evento não lhe passava pela cabeça que havia uma visita marcada. Portanto, quem terá razão no meio desta embrulhada? E a professora tinha alguma necessidade de ir falar aos Jornalistas, dimensionando uma situação que acaba por não o ser?
É nestas coisas que perdemos tempo e pequenas situações geram outras sem interesse, sem fundamento. E chegamos a um ponto que em vez de discutirmos o essencial, discutimos o acessório.