terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O que se vê em Marte #31



Gotan Project @ Campo Pequeno
Os bilhetes esgotaram rapidamente, para enorme tristeza minha, que geralmente costumo estar atenta às lides musicais. Não consegui nos dias que se anteciparam accionar nenhum contacto que me arranjasse um lugar no Campo Pequeno, não consegui bilhetes de última hora. Nada. Que tristeza não ver o tão anunciado último concerto de Gotan Project em Portugal, última digressão de sempre (não sei as motivações da banda, mas parece-me que não será a última digressão).

Uma hora antes do concerto ainda tentava arranjar bilhetes, mas sem sucesso. Mas nestas coisas é mais facil os contactos accionarem-se por si próprios do que nós a eles, e foi assim que fui ao concerto de Gotan Project. Recebi uma mensagem inesperada: "Queres vir ao Concerto? Despacha-te estamos no Campo Pequeno".

Ora bem, Os GP eram uma das minhas grandes falhas no que diz respeito a bandas ao vivo, pelo que perder esta oportunidade seria "a big mistake". Tenho obviamente uma postura muito céptica em relação a esta banda, por um motivo muito simples, depois da explosão do Tango Electrónico decidi que não poderia ficar por aqui e naturalmente o GP não são únicos. E este género musical despertou o meu interesse. Na Argentina e na América do Sul em geral, proliferam os projectos de Tango Electrónico, alguns superiores em qualidade e mais honestos na sua mensagem. Não chamo desonestos aos GP, apenas há quem seja mais genuíno na junção do Tango e da Música Electrónica, o que parece estar absolutamente na moda no lado de lá do Atlântico. Os GP são a face comercial deste novo ritmo, desta nova tendência. Gostaria de ver em Portugal projectos como ElectroTango, Tanguetto ou os Bajofondo Tango Club. Bandas que gozam de um enorme sucesso na Argentina e arredores, e não tanto na Europa. Ao contrário dos GP verdadeiramente rostos de sucesso no Velho Continente, talvez por estarem sediados em França. Sendo muito criticados do lado de lá do Atlântico.

Quanto ao concerto, tenho a dizer que foi limpo, profissional, com todos os ingredientes que tanto o Tango, como a música electrónica pedem. Teve ritmo e, principalmente, teve um alinhamento que respeita a relação que a banda construíu com o seu público. Quero com isto dizer, que os Gotan Project não vieram tocar o álbum novo, mas o seu reportório, não esquecendo os alicerces sobre os quais construiram a sua reputação. Tocaram "Queremos Paz" (abertura do espetáculo), "Vuelvo al Sur", "Una Música Brutal", e a música mais forte do álbum novo "Diferente".

Mas nada surpreendeu e é disso que uma pessoa que tem uma postura crítica em relação à música pede. Hoje em dia é díficil fazer diferente, é difícil surpreender os cépticos. É isso que peço, que me surpreendam.

Ainda assim, digo, foi um concerto brutal, tal como a música.