Ao fim de alguns anos de vida adulta cheguei a uma conclusão: sou um motor. E que quererá dizer isso?
Creio que há pessoas que nasceram para estar por trás da cortina, outras à frente e, outras ainda, que estão num plano intermédio, que corresponde ao "fazer acontecer" (expressão estranha esta se pensarmos bem). É onde estou. Ser motor é fazer com que as coisas aconteçam, reunindo as pessoas e escolhendo correspondências. E isto aplica-se no trabalho, claro, mas principalmente na vida pessoal, nas relações com as pessoas e a forma como gerimos o nosso tempo.
As vantagens de «ser motor» é que se prova o melhor gosto de ser um líder natural (sem ambições de o ser, ainda assim), e ser líder é tomar decisões, tentar adaptar as situações às pessoas, ou vice-versa. Um líder acaba por se habituar mal, porque na maior parte das vezes as coisas acabam por ser feitas à sua maneira e quando é contestado sente o sabor da injustiça, porque geralmente quem o contesta não propõe alternativas.
Um dia li algures que os líderes são sempre pessoas solitárias, apesar de reunirem muita gente à sua volta.
Por vezes acontece um certo cansaço, aqueles que estão por trás da cortina nem sempre se apercebem o quão desgastante é tomar decisões a toda a hora, em prol de um grupo de pessoas, ou de uma só até. E seguem descomprometidas, despreocupadas, desprendidas, à espera que alguém lhes tome a decisão de suas vidas.