Acabo de ver, ainda que com algum atraso, a versão completa do vídeo que tem feito correr tinta na última semana. Uma aluna agride verbalmente uma professora que tenta tirar-lhe o telemóvel. Uma agressão que chega a usar a força.
Há uma série de coisas que me ocorrem para classificar esta situação, mas em primeiro lugar a minha estupefacção tem uma dimensão proporcional à importância que deram a este caso. E antes de pensarmos no que se passou ali, acho que temos de pensar porque é que aquilo se passou.
A proibição é sempre um território pantanoso, que dá azo a contestação. Lembro-me das ondas que se levantaram quando, há 8 anos, frequentando eu o 12º ano, foi proibido o uso do telemóvel, não apenas na sala de aula, mas na escola inteira, muitas vozes se levantaram. Em todo o caso sempre achei que deve haver uma margem de sensibilidade por parte do aluno e entender que há certas coisas que não são compatíveis com o ritmo habitual das aulas.
A ideia que me dá é que nesta escola no Porto não houve essa preocupação. Se a indignação daquela aluna é tão grande perante a atitude da professora, naturalmente o uso do telemóvel era normalizado na sala de aula; tanto seu, como dos colegas, que de barriga cheia, qual freak show, assistem a esta violência dirigida à professora. Pouco fazendo para evitar o confronto.
Por outro lado surpreende-me muito a atitude desta professora que mostra aqui ser o elo mais fraco de todo este triste enredo. Um professor não pode sucumbir à violência de um aluno e reduzir a sua atitude ao simples facto de estar a medir forças com uma pessoa que nem é maior de idade. Mas como fazer isto?
O conjunto de referências que tive ao longo da vida tem especial carinho pelos professores, que desempenham um papel crucial na nossa evolução em fases determinantes. Ora, essas mesmas referências ensinaram-me que o respeito coexiste alegremente com um ambiente saudável de transmissão de conhecimento. Obviamente conheci professores que nunca tiveram "pulso" nos alunos, faltava-lhes talvez o carisma, o ascendente, aquela aptidão especial para cativar. Mas questiono-me como pode uma professora, por menos ascendente que tenha perante os alunos, chegar a este ponto em que mede forças com uma aluna.
Por último ocorre-me dizer que a tecnologia tem os seus efeitos perversos, mas certamente não estaríamos a falar sobre este assunto se não fosse um telemóvel e um site de vídeos.
Gostava de saber se os alunos em causa aprenderam alguma lição com tudo isto. E gostava também de saber se os alunos deste país e desta mesma geração, que agora está em discussão, tiveram capacidade para reflectir sobre o que se passou e o que se passa actualmente nas escolas. Se esse vídeo servisse para isso, já tiraríamos qualquer coisa de positivo desta muito triste situação.
Há uma série de coisas que me ocorrem para classificar esta situação, mas em primeiro lugar a minha estupefacção tem uma dimensão proporcional à importância que deram a este caso. E antes de pensarmos no que se passou ali, acho que temos de pensar porque é que aquilo se passou.
A proibição é sempre um território pantanoso, que dá azo a contestação. Lembro-me das ondas que se levantaram quando, há 8 anos, frequentando eu o 12º ano, foi proibido o uso do telemóvel, não apenas na sala de aula, mas na escola inteira, muitas vozes se levantaram. Em todo o caso sempre achei que deve haver uma margem de sensibilidade por parte do aluno e entender que há certas coisas que não são compatíveis com o ritmo habitual das aulas.
A ideia que me dá é que nesta escola no Porto não houve essa preocupação. Se a indignação daquela aluna é tão grande perante a atitude da professora, naturalmente o uso do telemóvel era normalizado na sala de aula; tanto seu, como dos colegas, que de barriga cheia, qual freak show, assistem a esta violência dirigida à professora. Pouco fazendo para evitar o confronto.
Por outro lado surpreende-me muito a atitude desta professora que mostra aqui ser o elo mais fraco de todo este triste enredo. Um professor não pode sucumbir à violência de um aluno e reduzir a sua atitude ao simples facto de estar a medir forças com uma pessoa que nem é maior de idade. Mas como fazer isto?
O conjunto de referências que tive ao longo da vida tem especial carinho pelos professores, que desempenham um papel crucial na nossa evolução em fases determinantes. Ora, essas mesmas referências ensinaram-me que o respeito coexiste alegremente com um ambiente saudável de transmissão de conhecimento. Obviamente conheci professores que nunca tiveram "pulso" nos alunos, faltava-lhes talvez o carisma, o ascendente, aquela aptidão especial para cativar. Mas questiono-me como pode uma professora, por menos ascendente que tenha perante os alunos, chegar a este ponto em que mede forças com uma aluna.
Por último ocorre-me dizer que a tecnologia tem os seus efeitos perversos, mas certamente não estaríamos a falar sobre este assunto se não fosse um telemóvel e um site de vídeos.
Gostava de saber se os alunos em causa aprenderam alguma lição com tudo isto. E gostava também de saber se os alunos deste país e desta mesma geração, que agora está em discussão, tiveram capacidade para reflectir sobre o que se passou e o que se passa actualmente nas escolas. Se esse vídeo servisse para isso, já tiraríamos qualquer coisa de positivo desta muito triste situação.
3 comentários:
Em relação à geração que agora faz o chamado secundário, duvido que alguma vez tenham reflectido sobre alguma coisa que não fosse sms borgas e pouco mais...
O que me faz aflição é a desconsideração que esta geração tem sobre quem deviam ter o minimo de respeito, pois é muito bonito "mandar" culpas para cima daos professores que não têm mão nas crianças, mas se nem em casa os paizinhos têm maus nas criaturas, muito alguém que passa pela vida delas durante uns meros meses... Na minha opinão eles comportam-se nas escolas como se comportam em casa...
Marta, homonima, querida: na altura em que andávamos nós no lugar deles fazia-me uma certa espécie que os "grown up" falassem de nós atribuindo-nos uma série de caracteristicas com as quais não me identificava. Por isso tento, agora que estou noutra posição, não fazer aquilo que criticava. Obviamente que há sempre um conjunto de referencias que identificam uma geração, mas neste assunto especifico, vamos tentar não por tudo no mesmo saco. Porque eu acredito que há meninos neste país que se sentiram tão chocados quanto nós quando viram aquelas imagens. Não me chames ingénua vá:P
Quanto à falta de educação que alguns dos habitantes do rectangulo sofrem, é pouco o nosso alcance. Isto chamaria outros assuntos, mas não me vou alongar.
A culpa não morre certamente solteira, há muito a quem apontar e certamente os pais desta menina estão agora em casa a pensar onde é que erraram. E ela própria acredito que também. Ou espero.
Eu já assisti (há 18 anos) um colega de turma a enfiar um ovo na cabeça de uma professora. Foi expulso da escola e proibido de entrar em qualquer recinto escolar durante dois anos.
Hoje é um pasteleiro de 1ª e ganha mais do que eu.
**
Enviar um comentário