sexta-feira, 22 de agosto de 2008

...de se escrever #5

Na pastelaria a senhora chorava. As lágrimas saltavam-lhe dos olhos, não conseguia controlar. Disse-lhe que não precisava de chorar, tinha era de se rir. Falava tão depressa que conseguiu contar-me a sua história em 15 minutos, pouco tempo para uma vida tão cheia. As lágrimas passaram e as recordações, com um puzzle, mapearam seu sorriso aberto que nos recebeu como novos habitantes na sua vida.
Dizia, emocionada, fiz anteontem 69 anos, a minha surpresa foi dupla, não só pela senhora aparentar 55, como por meu dia ser comum ao dela. Comuniquei-lhe curioso facto.
Ai menina, dizia, tão bonita, e fez quantos? E a forma sincera e cuidada como me deu os Parabéns foi a mais bonita de todas. De uma estranha, de uma pessoa a quem tinha pedido um café e um pastel de nata ainda esta manhã, passou a alguém com quem entabelei conversa da qual posso retirar tão puro significado.
Há dias assim. É preciso é abrirmos os olhos como diz o amigo P que presenciou o que se passou.

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