terça-feira, 9 de setembro de 2008

...de se escrever #6

Quando pousei o pé na rua, depois de uma manhã de pouca paciência, pensava em pulsações & vibrações. Sinto o pulsar dos momentos a cada rigoroso minuto, e, na verdade, gostaria de sentir mais, porque há sempre mais estímulos e mais para ver. A vibração, ela mesma, está directamente relacionada com esse pulsar, que tem um método e se alinha segundo o coração. Questionei-me o que faria com a minha hora de almoço e cheguei à conclusão que andar por aí seria uma boa solução.
Chegando ao Largo Conde Barão, poucos passos andados, entro na Farmácia. Costumo dizer que a Farmácia Açoreana (sita no lugar acima assinalado) tem mel. Mel porque sempre que lá entro encontro algum(a) colega de trabalho. Todos os dias por volta das 13h há o concerto ao piano, cada dia pertence a um pianista, o reportório é variado. Entrar ali, sentar-me e ouvir música numa farmácia tem qualquer coisa de cinematográfico e vibro...e sinto uma certa pulsação.
Há uma semana a pianista da Terça-Feira tocou a Banda Sonora do filme Amelie que já vale o que vale, ainda mais tocada dentro de uma farmácia centenária num piano branco, com gente a passar lá fora, cá dentro. Também tem qualquer coisa de burlesco, de fantástico.
Hoje observei-lhe os pés. Os sapatos de salto alto, com uma fivela dourada no centro, não condizem com a imagem que tenho desta pianista mid thirties de olhos azuis, que se destacam no imenso preto que pelos vistos é sua imagem de marca.
Os pés balançavam nos pedais do piano branco, ao ritmo das notas e da sua própria compenetração. E eu penso, que coisa fantástica ouvir uma pianada à hora do almoço dentro da farmácia.

1 comentário:

Mónica disse...

:D não pude evitar uma gargalhada com este final, estavas tão profunda e "introespectiva", pianada :DDDD lembrei-me do filme amadeus, acho que o mozart ficava bem na farmácia