quinta-feira, 29 de abril de 2010

Uma silueta, uma fotografia

Parte primeira.

Uma visão de uma Aldeia. Uma Silhueta.

Uma imagem.
Há pessoas que deambulam sem prazer, no sabor desconhecido de horas longas que entorpecem o rigor citadino. O som é tão lento quanto os cem passos que aquele corpo envelhecido dá até ao ponto de encontro; onde, em cima de uma mesa, se jogam cartas para enganar um tempo sem estrutura. Ouvem-se as gargalhadas num fundo tão intenso quanto distante. E as árvores agitam-se e dançam. E parece que é fim de tarde.
A aldeia espalha-se numa linha recta de casas com um pé direito baixo. As árvores dão o tom e ao fundo vê-se uma correnteza de bancos onde todos se sentam quando estão cansados.
Noutros tempos montou-se um cinema em noites quentes de ar livre. Durante as projecções dos filmes havia pouca luz e muitas cabeças na mesma direcção. Todos comentavam os filmes e todos esperavam por Sábado.
Mas hoje é o dia e hoje não há cinema.
Hoje há uma silhueta lá ao fundo. Há ruídos distantes. Há uma tristeza conformada. Há um cheiro que vem da terra.
Há uma fotografia a preto e branco.

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