Parte primeira.
Uma visão de uma Aldeia. Uma Silhueta.
Uma imagem.
Há pessoas que deambulam sem prazer, no sabor desconhecido de horas longas que entorpecem o rigor citadino. O som é tão lento quanto os cem passos que aquele corpo envelhecido dá até ao ponto de encontro; onde, em cima de uma mesa, se jogam cartas para enganar um tempo sem estrutura. Ouvem-se as gargalhadas num fundo tão intenso quanto distante. E as árvores agitam-se e dançam. E parece que é fim de tarde.
A aldeia espalha-se numa linha recta de casas com um pé direito baixo. As árvores dão o tom e ao fundo vê-se uma correnteza de bancos onde todos se sentam quando estão cansados.
Noutros tempos montou-se um cinema em noites quentes de ar livre. Durante as projecções dos filmes havia pouca luz e muitas cabeças na mesma direcção. Todos comentavam os filmes e todos esperavam por Sábado.
Mas hoje é o dia e hoje não há cinema.
Hoje há uma silhueta lá ao fundo. Há ruídos distantes. Há uma tristeza conformada. Há um cheiro que vem da terra.
Há uma fotografia a preto e branco.
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