terça-feira, 6 de novembro de 2007

No title

Quando olho para esta quase tela em branco quase me assusta. Hoje já olhei para ela três ou quatro vezes.
Penso num trampolim que criei no armário das palavras, para onde elas saltaram há uns dias, e vejo letras a espernear e a entoar gritos de satisfação, tal é o prazer do embate numa superficie elástica, que as leva a um movimento dinâmico. Pergunto-me como se ordenam as letras e as palavras. O que dizem elas do que penso? Penso que escrevo e que escrever é o melhor modo de pensar. Pouco mais que isso.
É engraçado o jogo das palavras. Uma palavra é isso e nada mais. O efeito que ela traz tem tudo a ver com a forma como é dita e por quem a diz. Por isso tantas vezes as palavras que dizemos são mal interpretadas e geram conflitos e mal entendidos. Talvez seja essa a razão que me reforça a vontade de escrever em detrimento de falar. Falar custa, mói. Esgota-me. Escrever também, mas quem lê dá-lhe o sentido que entender e se não der o que eu quis descarto-me facilmente dessa responsabilidade (apesar de não poder).
Na verdade o que eu quero é escrever. Nada mais que isso.

3 comentários:

manhã disse...

imediatamente digo, escreve. depois, penso um pouco e retrocedo, querer escrever não é escrever, é como querer ser feliz, não é ser feliz. ser tem em si a carga de um imenso inevitável a que nenhuma palavra pode chegar, ser.escrever.a angustiante formulação de uma intenção, o compromisso com uma decisão. That's the point!

Mónica disse...

o post de 5 de novembro http://fabulosamentelouca.blogspot.com/

Martini disse...

Manhã: dizes bem e com conhecimento de causa, suspeito.
Penso que o "ser" é qualquer coisa que, atingido na sua plenitude, é completamente impossível de alcançar, pelo que a satisfação decorre no tentar e no tal compromisso. É isso mesmo.

Mo: já li o post. Pois...Muito pertinente!