domingo, 27 de janeiro de 2008

Imagens de Marte #1 (lomolizar)


Não tenho uma Lomo para tirar fotografias com filtros diferentes ou dar-lhes perspectivas que as máquinas convencionais não proporcionam. Gostava de ter uma Lomo mas não tenho. A piada é que descobri um programa que faz o efeito que apresento nesta fotografia da praia de Carcavelos. Ou, seja, na verdade, não preciso de uma Lomo, posso lomolizar as minhas próprias fotos recorrendo a artifícios electrónicos.
Acho que a nossa vida é assim. Aquilo que gostávamos de ter, ou de ser, podemos sê-lo de outra forma, recorrendo a outros malabarismos, para alcançar uma espécie de contentamento. Como as cartas que se escreviam antigamente e hoje já não se escrevem, mas enviam-se mensagens por telemóvel que chegam com a rapidez de um instante e geralmente têm o efeito desejado. Ou pensando em algo mais rebuscado, a forma como as pessoas se mascaram de si
próprias quando comunicam à distância de teclas que se alinham num painel electrónico.
Há uns tempos andei a ler uns jornais do início da década de 80. 28 anos o que é isso? Comparado com os milhõezinhos de anos que a terra tem, comparado com os milhares de anos que tem a civilização egípcia e outras. Mas em 28 anos as nossas vidas mudaram, nessa altura não havia Internet, nem telemóveis, nem fraldas descartáveis, ou
comida take away. Portugal não pertencia à União Europeia, que nessa altura, senão me engano, se chamava Comunidade Económica Europeia e dá-me ideia que era pouco democratizada. No inicio da década da 80 não havia uma superfície comercial (como eles gostam de chamar) em cada esquina, gastava-se menos dinheiro, não havia tanta facilidade ao crédito; Será que os portugueses tinham mais dinheiro na altura? Talvez o poder de compra seja uma ilusão criada por um cartão verde.
A piada é que em 1980 já existia uma máquina chamada Lomo. E hoje eu lomolizei uma fotografia.


1 comentário:

Mónica disse...

muito boa!

(e havia tanto pra dizer sobre os anos 80 :PpPp)