quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

O que se vê em Marte #9 - Allen, Woody Allen




Há qualquer coisa de inevitável entre mim e o Woody Allen, ou melhor, entre mim e os filmes dele. Acabo sempre por vê-los e se a memória não me falha, julgo que nos últimos 10 anos não falhei nenhum. Tenho em crer que Match Point foi o ponto alto nas suas últimas incursões cinematográficas; essas, recheados de mediania e ao mesmo tempo de elementos comuns, muito woodyalleanos, que afinal são a mais valia da trama, da forma como é contada e construída. Um filme de Woody Allen é um filme de Woody Allen, não há dúvidas.
Ontem vi O Sonho de Cassandra e apesar de ter gostado do filme, não consigo classificá-lo para lá da mediania. Uma mediania a que já estamos habituados, com excepção do intenso Match Point, como não me canso de referir.
O que me agrada, já que a interpretação é falível, já que afinal Londres não sobressai tanto como em Scoop ou Match Point, é ver que a impressão digital do realizador está lá: nos planos, no casamento da música com as cenas; e por fim, em alusões aos clássicos da literatura com pequenos pormenores deliciosos. Está tudo lá. É por isso que continuo a ver os filmes deste senhor, porque apesar de não trazerem nada de novo, a verdade é que ele continua a saber o que faz e a fazer de uma forma subtil, que me agrada. Nunca mais teremos um Match Point, mas também nunca mais tivemos um Manhattan, ou Ana e Suas Irmãs. Mas continuamos a ter Woody Allen. Ele mesmo.




terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Conversas de Café


O rebuliço de um café de bairro é normal. O rebuliço do café que frequento no meu bairro é normal, mas por vezes é mais normal do que outras, se é que me faço entender. No Domingo pousava um chá à minha frente e um lápis para desenhar uns números num quadro de sudoku; enquanto esperava por um amigo. Ora, a minha atenção prendeu-se na mesa do lado, tal foi a inevitabilidade de me rir.
O contraste era óbvio: ali fumava-se (pode-se fumar, sim) e bebiam-se cervejas. Pensei que fosse a antecipação do jogo, mas não. Era uma espécie de desfiar de ódio, com um toque de humor, vindo de uma donzela deixada pelo príncipe mau. Até eu antipatizei com o rapaz que decidiu deixar a mocinha de boas famílias, com o mesmo nome que o meu, por uma denominada boazona que deve fazer tudo o que ele pede.
Os amigos, um painel no mínimo estranho, constituído por um elemento que não sendo pai, seria padrasto, ou tio, acompanhavam as cervejas e balbuciavam palavras de um afecto constrangedor.
As mesas que rodeavam a cena principal prestavam uma atenção assumida, que noutra situação seria condenável e interpretada por cusquice.
O melhor estava para acontecer, a plateia sedenta de pormenores ficou satisfeita quando a donzela rematou epicamente com a melhor definição possível: ela é um verdadeiro desastre geográfico!!!

domingo, 27 de janeiro de 2008

Imagens de Marte #1 (lomolizar)


Não tenho uma Lomo para tirar fotografias com filtros diferentes ou dar-lhes perspectivas que as máquinas convencionais não proporcionam. Gostava de ter uma Lomo mas não tenho. A piada é que descobri um programa que faz o efeito que apresento nesta fotografia da praia de Carcavelos. Ou, seja, na verdade, não preciso de uma Lomo, posso lomolizar as minhas próprias fotos recorrendo a artifícios electrónicos.
Acho que a nossa vida é assim. Aquilo que gostávamos de ter, ou de ser, podemos sê-lo de outra forma, recorrendo a outros malabarismos, para alcançar uma espécie de contentamento. Como as cartas que se escreviam antigamente e hoje já não se escrevem, mas enviam-se mensagens por telemóvel que chegam com a rapidez de um instante e geralmente têm o efeito desejado. Ou pensando em algo mais rebuscado, a forma como as pessoas se mascaram de si
próprias quando comunicam à distância de teclas que se alinham num painel electrónico.
Há uns tempos andei a ler uns jornais do início da década de 80. 28 anos o que é isso? Comparado com os milhõezinhos de anos que a terra tem, comparado com os milhares de anos que tem a civilização egípcia e outras. Mas em 28 anos as nossas vidas mudaram, nessa altura não havia Internet, nem telemóveis, nem fraldas descartáveis, ou
comida take away. Portugal não pertencia à União Europeia, que nessa altura, senão me engano, se chamava Comunidade Económica Europeia e dá-me ideia que era pouco democratizada. No inicio da década da 80 não havia uma superfície comercial (como eles gostam de chamar) em cada esquina, gastava-se menos dinheiro, não havia tanta facilidade ao crédito; Será que os portugueses tinham mais dinheiro na altura? Talvez o poder de compra seja uma ilusão criada por um cartão verde.
A piada é que em 1980 já existia uma máquina chamada Lomo. E hoje eu lomolizei uma fotografia.


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Um vídeo por dia...#11

A Amy é uma das minhas artistas actuais preferidas (mas tu gostas mais). Refém do seu sucesso, não sabemos o que será esta senhora sem estar sob o consumo de alcool ou drogas. Será criativa estando sóbria?
Nós gostamos muito desta música em Marte!

Melancolia.
Melancolia.
Melancolia.
O que se faz para combater a melancolia?
A melancolia parece-me um sentimento tão invernoso, tão próprio desta ambiguidade climática que se vive hoje em dia. Será que podemos culpar o São Pedro pela melancolia?
Sinto-me melancolica e hoje apetecia-me só dizê-lo. Isto é estupidamente ridículo, mas dizê-lo melhora um pouco. Minimamente.

Que melancolia.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Portishead



Estava cheia de boas intenções, abri o blogger para escrever um texto cheio de nuances de pensadora de trazer por casa, com vontade de pensar em elogios às palavras... quando soube que os Portishead vão estar no próximo mês de Março em Portugal. Maior boicote à minha concentração não podia haver...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Um vídeo por dia #10

Musicalmente falando, orgulho-me de ter estado neste concerto (Arcade Fire -Super Bock Super Rock), um dos melhores que vi senão o melhor no ano que passou! O álbum Neon Bible é um dos melhores de 2007 e provavelmente aquele que me saíu mais barato: 2,50€ (promoções do Jumbo)! E como ainda não há grandes revelações musicais em 2008, aqui vos deixo o No Cars Go!

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Quando achamos que as coisas correm mal...há sempre qualquer coisa que pode correr pior, como por exemplo ser mandada parar pela polícia e desembolsar 120 € por estar a falar ao telemovel.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

«O Porto é uma Nação»


O Norte de Portugal, com o Porto como eixo absoluto e identificador, é de facto muito diferente do Sul e principalmente de Lisboa.
A minha ida ao Porto teve um interesse primordial: descobrir as diferenças, apesar do país tão pequeno como este, existem e são profundas, mas são mais que saudáveis e bem-vindas. Deve ser por isso que a Casa da Música tem um painel a dizer Norte num dos átrios principais. Não confundamos nunca Lisboa com o Porto, porque de facto em nada são semelhantes e esta rivalidade que existe é, até certo ponto, bastante saudável.
Gostei do Porto, apesar de alguma decadência e degradação (é urgente reabilitar algumas zonas), gostei do Porto principalmente pelas diferenças e por gerar uma identificação própria única que não se vê em mais lado nenhum.
Provavelmente uma identificação que existe em Lisboa, mas eu, alfacinha de alma e coração, sou incapaz de percepcioná-la.
Gostei de uma cor dourada e acinzentada, de um sotaque carregado de simpatia, de um modo simples e admirável de ser português. Foi a terceira vez que fui ao Porto e desta foi para gostar.