quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Sobre o gosto

Está ali à direita uma votação, votem faxavor!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O que se ouve em Marte #4



Coisas da Life!


O quotidiano de um desempregado de sucesso tem como base dois pilares: enviar o maior número de CV's possível, para apaziguar o conflito interno da inutilidade; e ocupar seu tempo com afazeres intelectualmente estimulantes, para a mente não sucumbir ao fracasso do desemprego.
Como desempregada de sucesso que me considero, o envio de CV's está na ordem do dia. O pior é quando as recusas são tantas que perde a piada enviar CV's. Já pensei em enviar cartas de apresentação fora do comum, sem ter aquela conversa de treta habitual, com melhores cumprimentos no fim e espero de volta a resposta.
Hoje olhei para aquilo a que chamo resumo da minha vida académica e profissional, com uns pozinhos floreados que o modelo europeu sugere, e não pude deixar de pensar que tenho que alterar todas as informações que ali estão, de forma a que quem o leia, não levante as sobrancelhas com ar pesado, faça um hesitante som unindo a língua ao palato e diga "Pois...licenciada em História...complicado". O curriculum vitae condena-nos à banalidade, a sermos números, com informações diversificadas mas que se enquadram num padrão. Mas porquê um padrão? Se o que uma entidade, seja ela uma empresa ou um organismo público, quer é o melhor a desempenhar aquela função?
É muito complexo ser-se licenciado em História em Portugal. Foi-nos associado um estigma que será muito difícil de derrubar, por vários motivos, não somos licenciados de excelência, não temos nada para dar à sociedade, senão um entendimento estruturado do passado que a sociedade julga pouco importante.
É, realmente, transversal na nossa sociedade a opinião que um licenciado em História não é capaz de fazer mais nada para além do mundo académico, para além de bibliotecas, de arquivos, de museus... Porque será que os licenciados em História e afins são tidos como gente estranha, old fashion, e outros estigmas associados?

A verdade é que não temos cultura para absorver licenciados em ciências sociais num mercado de trabalho dinâmico e plural. E nós próprios acabamos por ser vítimas dos preconceitos dos outros e é dessa forma que eu acho que o meu resumé tem que mudar. Mudar para que a pessoa que o leia perceba que há mais do que ser licenciado em História, muito mais do que isso. Porque eu não sou apenas capaz de fazer uma investigação, organizar uma biblioteca ou um arquivo, trabalhar num museu, sou capaz de fazer mais coisas, muito mais. Ainda que a minha licenciatura seja tão limitativa quanto a minha situação actual.
Por vezes apetece-me simplesmente entrar por uma agência qualquer de comunicação, ou uma empresa dessas de topo e dizer que não saio dali enquanto não provar o meu valor!



domingo, 18 de novembro de 2007

O que se vê em Marte #7



No cenário urbano-depressivo de Manchester, Ian Curtis vive no limbo entre a banalidade e a procura por fazer o que o satisfaça. É assim que começa Control, Ian fuma um cigarro e ouve Ziggy Stardust, o álbum de 1972 de David Bowie. Com uma série de referências musicais, para além de Bowie, Jim Morrison, Sex Pistols, Iggy Pop, Buzzcocks ou Echo and the Bunnyman, Control fala mais de Ian Curtis, do que de Joy Division, uma das bandas que despoletou a cena de Manchester. É a era pós-punk, à qual sem saber, Curtis pertence.

O filme é descarnado, como já vi escrito. É fotográfico, coerente com o próprio fotógrafo e realizador de video clips Anton Corbijn, que em entrevista ao Ipisilon diz não perceber muito de cinema. O filme é Inglaterra late 70’s, earley 80’s, ainda que sem referências, sem imagens de tv, sem Margaret Tatcher, sem os evidentes sinais de pobreza daquela época.
Mas é essencialmente Ian Curtis mais humano, que mito, relegando os planos dos mitos para os media, que os constroem e por vezes acabam, também, por destruí-los.


quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Um Vídeo por dia...#7

Este vídeo tem muita piada! :)

Re-Editing

Pergunta-me como é a escrita que me apraz. Penso um pouco e respondo que é uma escrita limpa.
O que é uma escrita limpa?
Não sei. É uma escrita simples, ainda que se detecte o interior das palavras para além do óbvio. Uma escrita corrida, ainda que tenha pausas e nos faça repousar. É a expressão simples de quem a escreve.
A escrita limpa, para mim, é aquela que consigo acompanhar, são palavras que quero e que tenho junto de mim.
É escrita que me enche e preenche. Aquela que repousa na cabeceira, ao lado do candeeiro. Aquela que ainda vou encontrar nalgum livro perdido que me vai prender, são as folhas pelas quais vou passar as mãos e quase sentir a textura das palavras...e o cheiro.
No fim, as palavras são as mesmas...
E penso que deveria escrever como nunca escrevi...Depositar nas palavras tudo o que surge, tudo o que é. Deixar cair os dedos nas teclas pretas, bater nas letras à velocidade das sinapses a comunicarem umas com as outras. Falar do que penso, não pensar no que falo. Elaborar, escrever sobre o que surge, escrever sobre o que há em mim, o que poderá haver. Buscar cá dentro tudo o que tenho e, dessa forma, entrar no processo catártico de cura. Curar-me a escrever, sentir tudo, saborear as palavras, as frases, os textos. Pensar nos pontos, nas vírgulas, nas interrogações, nas exclamações, mas pensar, ainda mais, nas reticências, nas palavras que ficam por dizer, como nos olhares em silêncio que nos dão o impulso.
Escrever. Todos sabemos escrever. Aprendemos a desenhar letras na escola, aprendemos a copiar. Tudo o que escrevo não é meu, é nosso, se não houvesse o nós não escreveria, porque tudo o que surge e tudo o que deposito nas teclas pretas é a fusão, a fusão de mim e os outros, a fusão das palavras com as palavras dos outros, e no fim, a fusão de vários textos, que vão originar o meu.
E escrevi, mesmo que não preste, mesmo que ninguém goste, escrevi, e nas palavras canalizei um pouco do que sou. Mesmo que não sejas, na verdade. Vou sendo.
[Será bom bom ir buscar textos antigos? A um Blog que perdeu o fio? Faz tudo sentido, ainda por cima.]

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

As identificações geram simpatias. É como o gole no copo de vinho que enebria, dando um ligeiro toque de alegria ao cérebro. Pouco ou tanto quanto isso.
E quando não há identificações mas há simpatias é bem mais complicado. E assim se dividem os amigos. Uns parecendo mais escolhidos e outros mais como a família. E gostamos de ambos.

A Escola de Validos



Ontem estive de pedra e cal na Reitoria da Universidade de Lisboa para apoiar a minha amiga MJM. A plateia estava tão composta de caras sorridentes que penso ter sido esse o tom de toda a sessão.
E no fim, lá fui eu com o book na mão validar quase 20 anos de amizade!
Parabéns João!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A ferver

Há uns tempos perguntaram-me qual era a minha causa, já que esta gente menor de 30, com tão fácil acesso a tudo (ilusão), parece desprovida de ideias e ideais. Respondi, sem pensar muito, que a minha causa é lutar contra os recibos verdes. E não podemos negar que se há coisa que é transversal a licenciados, não licenciados, gente das artes, gente das humanidades, gente de tudo e mais alguma coisa, são os recibos verdes. Aqueles que assinam contratos, são, na realidade, uma minoria privilegiada. Os recibos verdes contribuem para um sistema laboral demasiado perverso, não havendo a menor protecção da nossa parte, de quem preenche o recibo verde, e desresponsabilizando a entidade empregadora de obrigações sociais que deviam ser inatas na sociedade democrática.
Pelos vistos não sou a única a pensar assim, surgindo agora um movimento que pretende levar uma petição à Assembleia da República, FARTOS DESTES RECIBOS VERDES, o texto está disponível para download e deve enviar-se para a morada indicada.
No final da conversa, quando me falaram em Liberdade e no facto de nós, mais novos, nunca termos vivido privados dela, rematei com um simples: Penso que somos menos iguais do que julgamos.

domingo, 11 de novembro de 2007

O que se ouve em Marte #3

O mais recente de Dave Gahan, Hourglasse.
Quase que parece que a voz dos Depeche Mode se descola da sonorida Depeche modiana que estamos habituados. A ver vamos.
Em escuta.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Hoje é o Dia


De todas as frases dos pacotes de açucar da Nicola, esta é a mais bonita. Apesar de simples e quase resvalar o cliché, é inesperada. Deve ser por isso que gosto.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Museu Sal & Azar

Tenho acompanhado superficialmente as ondas que se têm levantado quanto à edificação de um Museu, em homenagem a um senhor que inflingiu uma ditadura a este país durante o tempo que todos nós sabemos.
A minha postura quanto a esse senhor é muito clara e apesar de não ter vivido tal período, sou filha, sobrinha e neta de quem o viveu, e como tal, por educação, há uma memória que me foi transmitida. Mais tarde, por via de um conhecimento académico, pude formalizar a minha postura com uma perspectiva mais estruturada da matéria.
Esse senhor representa para mim o que o primeiro ponto da petição contra o fascismo sucintamente diz:

António Oliveira Salazar dirigiu o regime fascista que durante cerca de meio século retirou ao povo português os mais elementares direitos de expressão, informação e participação democrático, através de uma polícia política que matava e torturava os que se lhe opunham e de uma censura que impedia o livre exercício de informar e ser informado, para além de ter submetido esse mesmo povo, bem como o das colónias, a uma guerra injustificada, da qual resultou a morte e a incapacidade física e psicológica para muitos dos que nela combateram.
Não me debruço sobre a mesma petição, uma vez que há pontos com os quais não concordo, e sinceramente, acho que isso nem é para aqui chamado.
Quem teve oportunidade de ler O Medo de Existir de José Gil, lembrar-se-á que não é por via do esquecimento que os males que nos foram infligidos serão curados. Pelo que certamente o apagar voluntário dessa memória só irá gerar uma potencial repetição. Será?
Sou completamente contra um patrocínio do Estado para a construção do Museu Salazar, penso que quem o quer levar à frente deve fazê-lo com seus próprios meios, como tantas outras pessoas fazem, construíndo Casas-Museu e Fundações para perpetuar sua própria memória; escusado será nomeá-las.
Ingenuidade minha, talvez, pensar que não se exaltarão movimentos fascistas e de extrema direita se realmente o Museu for para a frente. Na verdade, haverá sempre gente afecta a um ideário fascista e ultra conservador, é inegável, mas de se manifestarem até haver um perigo eminente de voltarmos a ter um regime idêntico vai um longo e tortuoso caminho, que só aconteceria se muitos de nós andassemos distraídos.
Acho que a prova de elegância e evolução da sociedade democrática é saber aceitar que estes movimentos (que condenamos) existam. Não concordamos com a sua postura, muito menos com o que tentam imprimir a cabeças menos esclarecidas, mas será um grande erro nosso tentar proibir que existam.
Sendo assim, se há uns maduros que querem o Museu Salazar, angariem o dinheiro e façam-no.
Eu não preciso certamente de ir lá!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

No title

Quando olho para esta quase tela em branco quase me assusta. Hoje já olhei para ela três ou quatro vezes.
Penso num trampolim que criei no armário das palavras, para onde elas saltaram há uns dias, e vejo letras a espernear e a entoar gritos de satisfação, tal é o prazer do embate numa superficie elástica, que as leva a um movimento dinâmico. Pergunto-me como se ordenam as letras e as palavras. O que dizem elas do que penso? Penso que escrevo e que escrever é o melhor modo de pensar. Pouco mais que isso.
É engraçado o jogo das palavras. Uma palavra é isso e nada mais. O efeito que ela traz tem tudo a ver com a forma como é dita e por quem a diz. Por isso tantas vezes as palavras que dizemos são mal interpretadas e geram conflitos e mal entendidos. Talvez seja essa a razão que me reforça a vontade de escrever em detrimento de falar. Falar custa, mói. Esgota-me. Escrever também, mas quem lê dá-lhe o sentido que entender e se não der o que eu quis descarto-me facilmente dessa responsabilidade (apesar de não poder).
Na verdade o que eu quero é escrever. Nada mais que isso.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Um video por dia...#6

Uma das novas músicas de Sigur Ros!
Cá esperamos um Coliseu!

domingo, 4 de novembro de 2007

A minha praia


De fim de semana prolongado não foi difícil olhar para a mala pousada e pensar que poderia ficar mais uns dias. O tempo parece ter uma organização diferente, fluí com uma lentidão estranha, como se as horas demorassem realmente horas.

O calor a sul fez-me pensar que quem lá vive tem uma perspectiva diferente do tempo e é vulgar ver corpos deambulantes na praia, envergando orgulhosos bikinis e calções de banho, com a marca da moda do verão passado. Com excepção de surfistas que, dedicados ao mar, praticam o seu desporto 364 dias por ano e ingleses, que mais parece que nunca apanharam sol, há famílias inteiras, que ao ver os raios de sol do Verão de São Martinho, correm até à praia. Para fazer realmente praia, com o saco da sande, a toalha de praia, a avó a resmungar que estava vento.

Não fiz praia. Tirei fotografias e passeei, quase que molhei os pés. A areia molhada, senti pois!

Concluí que realmente a praia tem muito mais a ver com aquilo que sou...do que o campo. E, na verdade, se tivesse que abdicar de Lisboa, e pudesse escolher, escolhia a praia, sem pensar duas vezes!

Viagens na Maionese #2



Ideias para a passagem de ano? Primeira sugestão: Amesterdão.
N.B. Viagem na Maionese quer dizer, para mim, divagações. E é mesmo isso que estas viagens pretendem ser!